Estudo relaciona desmatamento à violência nas regiões de florestas brasileiras

Por IPC-IG

 fogo em mata

Por Isabelle Marie, estagiária de Comunicação*

 

Brasília - Por que em municípios em que o desmatamento cresce a taxa de homicídios também aumenta? Segundo o estudo "Direitos de Propriedade, Desmatamento e Violência: Problemas para o Desenvolvimento da Amazônia", de André Albuquerque Sant’Anna e Carlos Eduardo Frickmann Young, destaca que o aumento da violência está diretamente ligado ao desmatamento em municípios com grandes áreas de floresta. No Brasil, o direito à posse da terra depende do seu uso produtivo, dessa forma, segundo os autores, o desmatamento é usado para garantir o direito de propriedade. Na medida em que o valor da terra aumenta, a disputa entre posseiros – trabalhadores rurais que ocupam uma área sem possuir sua propriedade e praticam agriculta familiar e de subsistência – e grileiros gera inúmeros conflitos violentos nessas regiões.

Muitas das áreas em que a maior parte da população não consegue satisfazer suas necessidades básicas, como alimentação, moradia, educação e saúde estão localizadas em zonas rurais com altos índices de desmatamento. Os problemas de saúde costumam ser graves nessas regiões, com o alastramento de doenças como malária, dengue e leishmaniose.

Mesmo assim, ainda existem grupos com grande influência no Congresso Nacional que defendem que expansão da fronteira agrícola é fundamental para o desenvolvimento das áreas mais remotas do país. Esse discurso não é novo, destacam os autores. No Brasil, o desmatamento das áreas de floresta acontece desde o período colonial, em que a ocupação e a exploração territoriais predatórias eram vistas como símbolos de progresso e civilização.  Nesse contexto, Sant’Anna e Young apontam que a má-definição dos direitos de propriedade sobre a terra no Brasil está muito ligada ao desmatamento e suas consequências sociais e econômicas.

Leia mais sobre o tema em: http://bit.ly/2FeWTx3 (português) http://bit.ly/2FiOnx8 (inglês)

 

*Sob supervisão de Denise Marinho do Santos, Oficial Sênior de Comunicação